Entrevista Com Dan Dez – Criador Do Jogo OBEY
Tivemos uma pequena entrevista com Dan Dez, o criador e desenvolvedor de um incrível jogo de inofensivos coelhinhos e uma torre gigante.
OBEY é um jogo de estratégia, mas de uma maneira jamais vista em qualquer outro jogo. Nele você é um coelhinho completamente inocente em uma arena de uma pequena floresta onde tem uma torre enorme armada com uma metralhadora, lança chamas e misseis. A premissa do jogo é, não confie em ninguém, pois quem chegar a dez mil pontos, ganha o jogo.
Em OBEY todos, a todo momento tentam enganar uns aos outros, para ter o controle da torre e controlar os outros coelhos do jogo. Mantendo-os no controle e eles fazendo o que for mandado, sua vitória fica cada vez mais próxima, mas não pode vacilar, se não alguém pode te enganar e tomar controle da torre.
Veja aqui a entrevista feita com o criador de OBEY:
Como e quando surgiu com este conceito para o jogo?
O conceito original para OBEY começou 13 anos atrás em 2002. Era uma ideia muito diferente do que se tornou. Originalmente era ser o jogo mais assimétrico possível, a ideia de uma torre parada com visão limitada contra jogadores tentando se aproximar é basicamente o que sobreviveu desde o começo. O projeto começou e parou muitas vezes com várias equipes e falhava desde então.
A ideia de agora veio bem depois, por volta de 2014 depois que comecei a trabalhar sozinho, ai as coisas começaram a andar. Eu me considero um estudante de Geopolítica, Psicologia e Política, pois percebi que estive criando um Simulador de Poder de Sistema. A partir dai, tentei juntar todos estes aspectos no jogo para essa direção, incluindo o nome OBEY
Por que coelhinhos?
Eu estava pensando em criaturas inocentes e inofensivas para ter este contraste com o Robô dentro do jogo. Filhotes de coelho pareceu uma boa ideia e um tipo de animal que existiria em uma floresta mágica. Originalmente eu queria várias criaturas diferentes, mas logo se tornou claro que isso quebraria o anonimato entre os jogadores em OBEY, algo que é vitalmente importante para o jogo.
Você trabalha no jogo sozinho ou tem uma equipe?
Além de contratar o compositor para a música tema (Joel Corelitz), o produtor de efeitos sonoros (Matt Harwood) e alguns mapas feitos por membros da comunidade do jogo, eu fiz todo o resto. Como eu disse, tentei começar o projeto várias vezes com diferentes equipes, mas sempre falhava.
Também tentei sozinho, algo que não deu certo pois deixei como um projeto secundário enquanto trabalhava como um Game Artist. Então, finalmente, quando decidi me focar somente em OBEY e trabalhar por mim mesmo, o projeto foi começando a ver a luz do dia.
Desde quando você trabalha no OBEY e como está sendo?
Se contar com a ideia original, são 13 anos! No entanto, com tantos desvios e problemas que tive, o projeto da ideia original ficava “dormente” no meu computador. Muitas versões foram completamente apagadas, exceto alguns resquícios de elementos de interface do jogo de 2013. Foi ai que o que você vê hoje começou, então estive trabalhando por 2 anos sem parar.
Depois do Early Access na Steam o que podemos esperar de novidades para o jogo?
Se OBEY fizer sucesso no lançamento oficial, eu quero adicionar alguns features no jogo como, replay. Muitas vezes tive partidas memoráveis e gostaria de gravar em um formato possível de se assistir dentro do jogo e a partir dai analisar o que os jogadores faziam para entender e descobrir suas mentiras.
E também com tal feature seria possível analisar e perceber padrões no comportamento do jogador em certos mapas, uma vez que todos os movimentos seriam capturados na gravação.
Como é ser um desenvolvedor de um jogo indie? Quais as suas dicas para outros desenvolvedores?
Primeiramente eu quero deixar claro para todos que ser um Indie Dev e fazer um jogo é totalmente diferente de jogar um jogo. Criar um jogo envolve muito trabalho, as vezes bem tedioso e irritante. Uma vez que a pessoa entende isso, eu recomendo que o primeiro projeto seja extremamente simples e trabalhe sozinho (e por extremamente simples eu quero dizer um jogo de aventura em texto ou um mini-game “trivial”).
O ponto disso é você se introduzir e entender aspectos de desenvolvimento de A a Z, incluindo marketing, algo que indie devs não entendem muito (incluindo eu). Marketing é importante porque quando se tem um projeto grande haverá horas que eu chamo de “momentos obscuros”, que é quando o projeto parece estar fadado a falhar. Quando se chega nesse ponto, o que é normal, é preciso confiança para ajudar a enfrentar isso.
Outra dica é, cuidado com features que serão adicionados no projeto. Lembre-se sempre que adicionar featureA e featureB não é A+B mas algo como A*B, pois elas interagem umas com as outras. Complexidades não planejadas podem acabar com o projeto.
E finalmente, minha última dica é, não escolhe um trabalho tão complexo quanto OBEY para se trabalhar sozinho!
Alguma mensagem para futuros jogadores brasileiros?
Claro! Quando em jogo, eu percebi que com pessoas que falam a mesma língua de origem faz muita diferença, pois você tem mais facilidade para mentir e enganar, o que deixa mais divertido! Portanto, eu recomendo jogar com outros jogadores brasileiros e caso precise de ajudar em encontrar algum, apareça nos fóruns do jogo e eu mesmo ajudarei a encontrar alguns!