Review – Frostpunk 2

Se você é o tipo de pessoa que enfrenta paralisia de decisão ao fazer algo tão simples como pedir comida numa sexta-feira a noite, Frostpunk 2 pode não ser o jogo para você. A desenvolvedora 11 Bit Studios retornou ao mundo de seu jogo de sobrevivência e construção de cidades de 2018, Frostpunk – que mais tarde se tornou um jogo de tabuleiro de sucesso – com uma sequência este ano, que desafia os jogadores com mais ou menos o mesmo objetivo de antes: construir uma cidade e ajudá-la a sobreviver ao apocalipse ártico tomando uma série de decisões difíceis.

Como o líder recém-eleito da cidade de Nova Londres, você será forçado a não apenas gerenciar seus recursos e muitas facções concorrentes – mas a satisfação de seus cidadãos e equilibrar seus próprios desejos e necessidades.

Seus planos também podem sair dos trilhos inesperadamente enquanto a história se desenvolve para prazos aparentemente inatingíveis, permitindo que Frostpunk 2 mantenha uma sensação de tensão constante e viciante que mantém os jogadores grudados nele.

Sobreviver é a única opção

O jogo começa com um tutorial na realidade alternativa de 1886, onde o Império Britânico entrou em colapso e deixou Nova Londres à beira da aniquilação. Sob a liderança de uma figura brevemente jogável chamada Capitão, a cidade é trazida de volta à vida com o coração pulsante de um gerador a carvão e uma população em rápido crescimento. Infelizmente, o Capitão morre alguns anos depois, deixando você na posição complicada de se tornar seu substituto.

O jogador ganha o controle de Nova Londres em um momento terrível. A cidade foi dividida em facções e oscila à beira da superpopulação, doenças e cerca de 10 outros desastres conforme o gerador começa a ficar sem combustível. O resto da campanha se concentra em liderar e levar Nova Londres a novos e maiores patamares, ao mesmo tempo em que resolve as crescentes tensões nas muitas facções da cidade e na população em geral. Ao fazer isso, eles terão que decidir que tipo de líder querem ser.

Motivado por uma atmosfera sombria e eventos de história tenebrosos, a campanha faz um ótimo trabalho em dar ao jogador novas maneiras de se envolver com sua cidade com apostas cada vez maiores atreladas a elas.

Em certas pausas, eu me pegava pensando antes de sair do jogo me perguntando se eu tinha acabado de fazer algo para estragar toda a minha campanha, devido ao quão significativo e estressante cada uma das principais decisões que tomei pareceram funcionar.

Na base da tentativa e erro

Frostpunk 2 é um jogo que parece assustador no começo, mas se torna enganosamente simples, desde que você entenda que todo o seu propósito é frustrar você e seus planos. Os jogadores recebem alguns recursos importantes para gerenciar em Nova Londres para manter seus distritos e gerador de energia funcionando. No segundo em que qualquer recurso cair abaixo do valor mínimo necessário para manter a cidade, você verá um efeito bola de neve que eventualmente leva a um rápido declínio no desenvolvimento da cidade – a não ser que você seja precavido, é claro.

Por exemplo, no segundo em que a qualidade de vida da sua cidade começar a cair, o crime e a morte começarão a surgir entre seus cidadãos. Isso leva a uma queda repentina na população, o que pode reduzir sua força de trabalho, o que reduzirá a eficiência de seus distritos de trabalho e prejudicará sua capacidade de construir mais.

A mecânica central de construção de cidades do jogo pede que os jogadores andem em uma corda bamba delicada, onde um movimento errado termina o jogo de vez. Alternativamente, pode-se olhar desta forma: tudo o que está no caminho de você e do sucesso é um senso aguçado de foco.

Além disso, há uma mecânica de facções, dividindo a população em vários grupos de pessoas de tamanhos variados. Uma facção raramente concorda com a outra em uma questão, mas é preciso se esforçar para obter seu favor de forma equitativa, no entanto.

Aprovar leis permite que o jogador simplifique certos problemas – como reduzir o tempo de produção ou lidar com todos aqueles cadáveres se acumulando dentro dos muros da cidade. No entanto, é necessária uma maioria esmagadora de votos de representantes de todas as facções para aprovar um projeto de lei. Isso é difícil de fazer se todos odeiam você.

O jogo também apresenta constantemente ao jogador diferentes decisões morais que, no final, é definido pro tipo de líder que você quer ser. Seja aplicar um regime autoritário e forçar a sua vontade sobre a cidade para o bem de sua sobrevivência? Você abordará os problemas democraticamente ouvindo seu povo – por mais aberrantes que seus desejos sejam – e executará a vontade deles em vez da sua? Você se aterá a um conjunto específico de facções e trabalhará para expulsar os outros da disputa política no Conselho?

Equilibrar todas essas mecânicas enquanto tenta melhorar a cidade pode parecer bem desafiador, mas outros elementos do jogo infelizmente não se encaixam nessa corda bamba tão perfeitamente. O loop de jogabilidade do Frostpunk 2 começa a se desgastar quando ele pede para você gerenciar vários assentamentos simultaneamente, fazendo com que o jogador amplie o zoom em um mapa-múndi e amplie um assentamento separado, e assim por diante entre eles e Nova Londres constantemente.

Frostpunk é um divertido jogo de cidades, com uma sobrevivência estressante

Frostpunk 2 é um jogo de construção de cidades viciante que não diminui a intensidade, nem a dificuldade durante toda a sua campanha principal. Embora os muitos sistemas que ele implementa a serviço da construção de Nova Londres pareçam às vezes exagerados, eles constituem um ecossistema envolvente para os jogadores explorarem. Além da campanha, é possível se divertir nos outros modos livres para testar sua habilidade de sobrevivência e governança.

A fantasia de poder divino que este jogo oferece pode parecer tentadora no início, mas é rápido para refutar a ideia de que o poder existe sem responsabilidade, forçando o jogador a tomar decisões difíceis para manter sua cidade viva.

Essas decisões podem se transformar em ramificações terríveis no jogo e mini-enredos, mas de qualquer forma, parece quase impossível escapar do peso do seu próprio poder em Frostpunk 2. A tentação de arrancar o controle da cidade de sua população está sempre presente – mesmo que isso possa levar à queda de todos, incluindo a sua. Depois de perder centenas de cidadãos de Nova Londres para níveis desastrosos de falta de moradia, fome e doenças, também é um lembrete sólido de que talvez eu não seja bom para ser um político.

Frostpunk 2 já está disponível para PC e Mac.